quarta-feira

D. Pedro Casaldáliga, trecho de entrevista

Entre as várias situações vividas nesses anos todos, o que citaria como fato pitoresco que o senhor recorda?

Fatos pitorescos aconteceram muitos, mas eu recordo em particular um, porque é uma grande lição. Na Serra Nova, à casa do posseiro Lulu, estando ele preso pela repressão, cheguei sem prévio aviso, depois de andar vários quilômetros, várias léguas a cavalo. Ao chegar à casa, estavam lá as crianças e a maiorzinha disse: "Se soubéssemos que teria vindo um bispo teríamos feito um outro almoço". Só tinha arroz branco e banana. A pequena Eva, de sete anos, disse: "Ué, bispo não é mais melhor do que nós!". Essa foi uma lição nova, para tomar nota eu e todos os bispos deste mundo. Não somos "mais melhores" do que ninguém.

Adepto da teologia da libertação, foi bispo de São Félix do Araguaia (1971 a 2005),centro de grandes conflitos de terra, quando dirigiu a Pastoral da Terra. Foi várias vezes ameçado de morte e por 5 vezes foi alvo de processo de expulsão do Brasil pelo governo militar, sendo defendido pelo, à época arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns.

Adotou como lema para sua atividade pastoral: Nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar e, sobretudo, nada matar. É poeta, autor de várias obras.

Este techo acima foi relatado em uma entrevista, quando foi perguntado sobre um fato pitoresco que teria vivido.

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